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terça-feira, 21 de abril de 2009

B. B. King

Riley Ben King, mais conhecido como B. B. King, nasceu em uma plantação de algodão em 16 de setembro de 1925 em Itta Bena, perto de Indianola no Mississippi, Estados Unidos da América. Teve uma infância difícil – aos 9 anos, o bluesman vivia sozinho e colhia algodão, trabalho que lhe rendia 35 centavos de dólar por dia. Começou por tocar, a troco de algumas moedas, na esquina da Igreja com a Second Street. No ano de 1947, partia para Memphis, no Tennessee, apenas com sua guitarra e $2,50 dólares. Como pretendia seguir a carreira musical, a cidade de Memphis, cidade onde se cruzavam todos os músicos importantes do Sul, sustentava uma vasta competitiva comunidade musical em que todos os estilos musicais negros eram ouvidos. Nomes como Django Reinhardt, Blind Lemon Jefferson, Lonnie Johnson, Charlie Christian e T-Bone Walker tornaram-se ídolos de B. B. King. "Num sábado à noite ouvi uma guitarra elétrica que não estava a tocar espirituais negros.

Era T-Bone interpretando "Stormy Monday" e foi o som mais belo que alguma vez ouvi na minha vida." recorda B. B. King, "Foi o que realmente me levou a querer tocar Blues". A primeira grande oportunidade da sua carreira surgiu em 1948, quando actuou no programa de rádio de Sonny Boy Williamson, na estação KWEM, de Memphis. Sucederam-se atuações fixas no "Grill" da Sixteenth Avenue e mais tarde um spot publicitário de 10 minutos na estação radiofónica WDIA, com uma equipe e direcção exclusivamente negra. "King’s Sport", patrocinado por um tónico, tornou-se então tão popular que aumentou o tempo do transmissão e se transformou no "Sepia Swing Club". King precisou de um nome artístico para a rádio. Ele foi apelidado de "Beale Blues Boy", como referência à música "Beale Street Blues", foi abreviado para "Blues Boy King" e eventualmente para B. B. King. Por mera coincidência, o nome de KING já incluia a simples inicial "B", que não correspondia a qualquer abreviatura. Pouco depois do seu êxito "Three O'Clock Blues", em 1951, B. B. King começou a fazer turnês nacionais sem parar, atingindo uma média de 275 concertos/ano. Só em 1956 B. B. King e a sua banda fizeram 342 concertos! Dos pequenos cafés, teatros de "gueto", salões de dança, clubes de jazz e de rock, grandes hotéis e recintos para concertos sinfónicos aos mais prestigiados recintos nacionais e internacionais, B. B. King depressa se tornou o mais conceituado músico de Blues dos últimos 40 anos, desenvolvendo um dos mais prontamente identificáveis estilos musicais de guitarra, a nível mundial. O seu estilo foi inspirador para muitos guitarristas de rock. Mike Bloomfield, Albert Collins, Buddy Guy, Freddie King, Jimi Hendrix, Otis Rush, Johnny Winter, Albert King, Eric Clapton, George Harrison e Jeff Beck foram apenas alguns dos que seguiram a sua técnica como modelo. Em 1969, B. B. King foi escolhido para a abertura de 18 concertos dos Rolling Stones. Em 1970 fez uma turnê por Uganda, Lagos e Libéria, com o patrocínio governamental dos E.U.A.

Começou a participar da maioria dos festivais de Jazz por todo o mundo, incluindo o Newport Jazz Festival e o Kool Jazz Festival New York, e sua presença tornou-se regular no circuito por universidades e colégios. Em 1989 fez uma tournê de três meses pela Austrália, Nova Zelândia, Japão, França, Alemanha Ocidental, Países Baixos e Irlanda, como convidado especial dos U2, participando igualmente no álbum Rattle and Hum, deste grupo, com o tema "When Love Comes to Town". Em 26 de Julho de 1996, B. B. King, aproveitando o fato de ter um concerto agendado para Stuttgart, deslocou-se propositalmente de avião até à base aérea de Tuzla, para atuar perante tropas da Suécia, Rússia, Bélgica e E.U.A., estacionadas na Bósnia num esforço conjunto de manutenção da paz. No dia seguinte, voou para a base aérea de Kapsjak, para nova atuação junto de tropas norte-americanas. B. B. King confessa: "Foi emocionante atuar para estes homens e mulheres. Apreciamo-los e queremos que eles saibam que têm o nosso total apoio na sua árdua tarefa de manutenção da paz." B. B. King terminou 1996 com uma turne pela América Latina, com concertos no México, Brasil, Chile, Argentina, Uruguai e, pela primeira vez, no Peru e Paraguai.
O "Rei dos Blues" totaliza mais de 90 países onde atuou até hoje. Ao longo dos anos tem sido agraciado com diversos Grammy Awards: melhor desempenho vocal masculino de Rhythm & Blues, em 1970, com "The Thrill is Gone", melhor gravação étnica ou tradicional, em 1981, com "There Must Be a Better World Somewhere", melhor gravação de Blues tradicionais, em 1983, com "Blues'N Jazz" e em 1985 com "My Guitar Sings the Blues". Em 1970, Indianopola Missisipi Seeds concede-lhe o "Grammy" de melhor capa de álbum. A Gibson Guitar Co. nomeou-o "Embaixador das guitarras Gibson no Mundo".
Uma das imagens de marca de King é chamar às suas guitarras o nome de "Lucille" - uma tradição que vem desde a década de 1950. No inverno de 1949, King se apresentou num salão de dança em Twist, no Arkansas.
Com o intuito de aquecer o salão, acendeu-se um barril meio cheio de querosene no centro do salão, prática muito comum na época. Durante a apresentação, dois homens começaram a brigar e entornaram o barril que imediatamente espalhou chamas por todo o lado. Durante a evacuação, já fora do estabelecimento, King apercebeu-se de que tinha deixado a sua guitarra de 30 dólares no edifício em chamas. Voltou a entrar no incêndio para reaver a sua Gibson acústica, escapando por um triz. Duas pessoas morreram no fogo. No dia seguinte, soube que os dois homens tinham começado a briga devido a uma mulher chamada Lucille. A partir dessa altura, passou a a designar as suas guitarras por esse nome, para "se lembrar de nunca mais fazer uma coisa daquelas."

B. B. King iniciou utilizando uma Fender Telecaster Passou a utilizar uma Gibson ES-335, modelo que foi substituído pela B. B. King Lucille, um modelo baseado na ES-345.
No dia 19 de dezembro de 1997, apresentou Lucille ao Papa João Paulo II em um concerto no Vaticano.No dia 5 de novembro de 2000, doou uma cópia autografada de Lucille para o Museu de Música Nacional, Estados Unidos da América



"Three O Clock Blues" (originalmente a primeira música que levou B.B King ao sucesso)


B.B. King continua a manter uma grande visibilidade e ativa carreira, aparecendo em inúmeros shows de televisão e realizando varios consertos por ano. Em 1988, King chegou a uma nova geração de fãs com o single "When Loves Comes to Town", um esforço colaborativo entre King e a banda irlandesa U2 . Em 1998, apareceu em The Blues Brothers 2000, atuando e tocando com a banda formada The Louisiana Gator Boys, juntamente com Erick Clapton, Dr. John, Koko Taylor Bo Diddley e outros grandes nomes do Blues.















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Fonte - Wikipédia
Site Oficial - http://www.bbking.com/

Charley Paton

Biografia de Charley Paton *1891+1934

Charlie Patton, também conhecido por Charley Patton é considerado um dos primeiros bluesman a fazer sucesso no blues e um dos pioneiros do estilo Delta Blues.

Patton nasceu em Hindy County, no Mississippi em abril de 1891. Em 1900 sua família se mudou 100 milhas ao norte da lendária Dockery Plantation, uma plantação de milho e extração de madeira com 10.000 acres, conhecida pelo tamanho e por ser o berço dos maiores nomes do Delta Blues. Nasceram ou moraram nessa fazenda, além de Patton, Robert Johnson, Howlin' Wolf, David "Honeyboy" Edwards, Son House, Willie Brown e outros inúmeros nomes menos conhecidos. Foi nessa época que Patton conheceu Henry Sloan, que veio a ser seu tutor no violão e tinha um estilo diferente de tocar, que pode ser considerado antecessor do blues. Charley Patton acompanhou Sloan até seus 19 anos, época em que começou a compor suas canções, entre elas a famosa "Pony Blues", que se tornou um ícone da época. Ele usava com freqüência o slide, estilo que o destacou no Delta Blues e suas letras não tratavam apenas de relacionamentos amorosos mal-sucedidos.

Patton se tornou extremamente popular no sul dos EUA, e diferentemente da maioria dos músicos de blues itinerantes, ele freqüentemente era convidado para tocar em fazendas e tavernas. E muito antes de Jimi Hendrix impressionar as platéias com suas performances, Charley Patton já fazia seu show e agitava a platéia tocando o violão entre suas pernas, por trás da cabeça e nas costas. Apesar de ser um homem com pouca estatura, sua voz, curtida em muito whisky e cigarro, podia ser ouvida de longe, sem amplificação. Esse estilo de cantar também pode ser observado na voz de um de seus célebres alunos: Howlin' Wolf.

Suas primeiras gravações foram feitas em junho de 1929 para o selo Paramount. Devido ao grande sucesso, quatro meses depois ele foi novamente convidado a gravar pelo selo.

Ele também definiu o estilo de vida do blueman do delta: bebia e fumava excessivamente, dizia que teve um total de oito esposas, foi preso pelo menos uma vez e viajava com freqüência, nunca ficando por muito tempo no mesmo lugar.

Charley Patton morreu em abril de 1934 de problemas cardíacos, embora alguns rumores apontavam como assassinato. Ele fez um retrato de sua vida na canção "Elder Green Blues": "I like to fuss and fight/Lord, and get sloppy drunk off a bottle and ball/And walk the streets all night."


Músicas famosas

* Pony Blues Discografia
* A Spoonful Blues
* Down The Dirt Road Blues
* Screamin' and Hollerin' the Blues
* Tom Rushen Blues
* High Sheriff Blues
* Stone Pony Blues
* Banty Rooster Blues
* Going To Move To Alabama
* Green River Blues
* It Won't Be Long
* Dry Well Blues
* Mississippi Boweavil Blues
* Moon Going Down
* Rattlesnake Blues

Álbuns e Singles

* Founder of the Delta Blues
* King of the Delta Blues
* Screamin' & Hollerin' The Blues
* Pony Blues
* Primeval Blues, Rags and Gospel Songs
* The Best Of Charlie Patton
* Primeval Blues, Rags, And Gospel Songs
* It Won't Be Long
* Charley Patton Vol. 2 (1929)
* Hang It On The Wall
* The Definitive Charley Patton
* The Definitive Charley Patton (disc 2)
* King of the Delta
* Charley Patton Vol. 1 (1929)* Screamin' And Hollerin' The Blues
* The Definitive Charley Patton (disc 1)


Filha de Charlie Pantton

Rosetta Patton Brown, a única filha viva de Charlie Patton,

em frente ao quintal de sua casa em Duncan, Mississipi, exibindo uma cópia da única foto conhecida de seu pai

(foto de Bill Steber, 1996).

Lista de Nomes Para Biografias

Albert Collins 1932 1984

Albert King 1923 1992

Alberta Hunter 18

B. B. King 1925

Bessie Smith 1894 1937

Big Bill Broonzy 1898 1958

Blind Blake 1893 1933

Blind Lemon Jefferson 1893 1929

Blind Willie McTell 1901 1959

Blind" Willie Johnson 1897 1945

Bo Carter 1893 1964

Bob Dylan 1941

Buddy Guy 1936

Charley Patton 1891 1934

Chuck Berry 1926

Clarence "Gatemouth" Brown 1924 2005

Elmore James 1918 1963

Eric Clapton 1945

Freddie King 1915 1976

Gertrude “Ma” Rainey 1886 1939

Hound Dog Taylor 1915 1975

Howlin' Wolf 1910 1976

James Cotton 1935

Janis Joplin 1943 1970

Jeff Beck 1944

Jimi Hendrix 1942 1970

Jimmy Dawkins 1936

Jimmy Reed 1925 1976

Jimmy Rogers 1924 1997

John Lee Hocker 1917 2003

John Mayall 1933

Jonhy Winter 1944

Jonny Lang 1981

Keb Mo 1951

Koko Taylor 1928

Lead Belly 1888 1949

Leroy Carr 1905 1935

Lightinin Hoppkins 1912 1982

Little Walter 1930 1968

Mamie Smith 1883 1946

Memphis Slim, 1915 1988

Mississippi" John Smith Hurt 1892 1966

Muddy Waters 1915 1983

Robert Johnson 1911 1938

Robert Pete Williams 1914 1980

Skip James 1902 1969

Son House 1902 1988

Sonny Boy Williamson 1914 1948

Sonny Terry 1911 1986

Stevie Ray Vaughan 1954 1990

Sylvester Weaver 1897 1960

T. Bone Walker 1910 1975

Tommy Johnson 1896 1956

W.C. Handy 1937 1958

Willie Brown 1900 1952

Willie Dixon 1915 1992

Big Joe Willians 1911 1985

Otis Rush 1935

Otis Spann 1930 1970

Aretha Franklin 1942

Diana Ross 1944

James Brown 1933 2006

Marvin Gaye 1939 1984

Ray Charles 1930 2004

Stevie Wonder 1950

Whitney Houston 1963

Cab Calloway 1907 1994

Little Richard 1932

Jerry Lee Lewis 1935

Tim Maia 1942 1998

Louis Armstrong 1901 1971

Ben Harper 1969

Tina Turner 1939

George Michael 1963

Lisa Stansfield 1966

Billy Paul 1934

Nat King Cole 1919 1965

The Pretenders

Chrissie Hynde
Pete Farndon
Martin Chambers
Dire Straits

Mark Knopfler
John Illsley
Alan Clark
Guy Fletcher
The Stylistics 1968

Herbie Murrell
Airrion Love
Van Fields
Harold 'Eban' Brown
The Animals 1964

Eric Burdon
Hilton Valentine
Billy Watts
Paula O'Rourke
Red Young
Tony Braunagel
Bobby Furgo
The Blues Brothers 1978

Elwood J. Blues
Zee Blues
The Beatles 1957 – 1970

John Lennon 1940 – 1980
Paul Maccarteney 1942
George Harrison 1943 – 2001
Ringo Starr 1940
The Rolling Stones 1962

Mick Jagger 1943
Keith Richards 1943
Ron Wood 1947
Charlie Watts 1941
EX Integrantes.
Brian Jones 1942 1969
Mick Taylor 1949
Bill wyman 1936
The Yardbirds 1962 1968 1992

Ben King
Chris Dreja
John Idan
Billy Boy Miskimmin
Jim McCarty
Ex-integrantes
Top Topham,
Eric Clapton,
Paul Samwell-Smith,
Jeff Beck,
Keith Relf,
Jimmy Page,
Rod Demick,
Ray Majors,
Laurie Garman,
Alan Glen,
Gypie Mayo
Cream 1966 1968

Integrantes
Ginger Baker
Eric Clapton
Jack Bruce

Led Zeppelin 1968 - 1980

Robert Plant
Jimmy Page
John Paul Jones
John Bonham
Creedence Clearwater Revival 1952 1972

John Fogerty
Stu Cook
Doug Clifford
EX Tom Fogerty
The Doors 1965 1972

Jim Morrison (falecido)
Ray Manzarek
John Densmore
Robby Krieger

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Blues * 1865 ............

- 1865 é considerado o ano da abolição da escravatura. É também habitual fixar o nascimento do blues em finais do séc. XIX, quando os agora ex-escravos negros, que habituados a trabalhar em equipe e a cantar em coro, se tornam camponeses em pequenas fazendas isoladas.

O blues é um canto improvisado na linha melódica ou no texto, ambos criados e chegando a um formulário tradicional. Existe sempre acompanhamento instrumental, por acção do cantor ou de outros (na origem com banjo, depois com guitarra ou piano).

Do simples grito modulado, o blues tornou-se rapidamente um refinado género de art folk, dominado por especialistas, muitas vezes cantores cegos ambulantes que viviam da caridade (blues rural).

No início do século XX e com a atracção de milhares de negros para as fábricas e cidades do norte, fruto da industrialização, o blues foi então “descoberto” pela industria da música, publicada em livro e em disco, e rapidamente se transformou num género teatral cantado por mulheres (blues urbano).
Os textos tratam de situações negativas (amor desiludido, abandono, prisão, morte, fome, desastres naturais). Na sua forma mais comum, cada estrofe tem três versos, dos quais dois semelhantes (A A B), e ocupa doze compassos de música.

A música dos brancos e europeus assentava sobre os modos gregorianos , ou seja, a escala diatónica, como hoje a conhecemos, formada por 7 tons ou notas, correspondentes às teclas brancas no teclado do piano: DO, RE, MI, FA, SOL, LA, SI, (ou , em inglês: C D E F G A B).
As escalas africanas baseavam-se apenas em 5 dessas notas: DO, RE, FA, SOL, LA (escala pentatónica).
Como é natural, ao cantarem, estranhando o 3º e o 7º graus, MI e SI, era frequente hesitarem entre a 3ª maior e menor, entre o MI e MIb, e entre a 7ªmaior e menor, SI e SIb, originando, com esta inconstância e insegurança sobre qual nota emitir, uma hipótese de variação naquelas notas, apelidadas de BLUE NOTES, porque ao passar-se na tonalidade maior para uma toada menor, o cariz, ou carácter, temperamento, espírito, o que lhe queiram chamar, fica mais melancólico, mais triste, na língua inglesa... mais...BLUE.

Esta nova variação resultante da aculturação foi invadindo primeiro timida e depois assumidamente, pois agradava a parte da população branca, que notara as claras aptidões para o canto, o ritmo e a dança por parte dos negros, e que constituía a única coisa que lhes fora permitido trazer: a sua herança cultural africana!

Mas para além dos cânticos religiosos, apelidados de ESPIRITUAIS ou GOSPEL (god+spell = a palavra do Senhor), que aconteciam ao Domingo, os dias de trabalho foram também contemplados por cânticos de trabaho ou WORKSONGS.
Utilizando a marcação sempre presente que constituía por exemplo, o martelono caso dos carris, ou a picareta e a pá nos trabalhos agrícolas, o tempo que separa uma martelada da outra era preenchido por uma voz de incitamento ou de marcação à qual todos respondem em uníssono, numa espécie de refrão. Ou seja: tempo forte(upbeat)=martelo / downbeat=voz marcação / tempo forte=martelada / downbeat=vozes refrão.
Esta fórmula foi tendo variações e alterações conforme o tipo de tempo (velocidade da acção) que o trabalho originava. A WORKSONG, juntamente com o GOSPEL, está na raiz direta das primeiras formas de BLUES, que surgiram durante o tempo livre e de lazer, mas infelizmente para os escravos não transmitiam, como se poderia esperar, o grito de revolta ou a palavra que poderia incitar à luta pela liberdade. E isto porque os escravagistas brancos proibiram a utilização de outra língua nas canções que não fosse o inglês, assim como quaisquer tambores ou percussões, pois poderiam relembrar África e servirem como incitação à rebelião, pois a música africana executada em tambores tem sequências e motivos rítmicos que significam ideias, são traduzíveis em expressão oral, simbolizam mensagens. Ora tudo isso eram riscos que os brancos ricos do sul não estavam dispostos a correr. E deixavam bem clara a punição que sofreria aquele que ousasse desafiá-los, através dos linchamentos e execuções públicas levadas a cabo sob a capa sanguinária e ensanguentada do Ku Klux Klan.
Deste modo, os primeiros BLUES estavam limitados a expressarem pequenas estórias românticas, crónicas vivênciais, lamentações do coração.
Os Blues eram cantados nas ruas, e mais tarde nos cabarets. Inicialmente, eram pedintes cegos que pendiam para o romance e a ladainha. É construído sobre 12 compassos. Muitas vezes o cantor começa por um break, isto é, uma fantasia de poucas notas, uma frase perfeitamente esculpida, baseando-se nos 4 primeiros compassos, revelando a melodia principal somente a partir do 5º compasso. Um ponto culminante, a nível emocional, é a passagem que se efectua do 4º ao 5º compasso (subida à 4ª) e do 8º ao 10º compasso (subida à 5ª, desce à 4ª, volta à tónica). Estes pontos-chave eram aguardados impaciente e ansiosamente pelo público negro e frequentemente originavam gritos de satisfação.
O primitivo blues foi evoluindo com a entrada no séc XX, influenciou o RAGTIME, introduzindo BLUE NOTES em marchas, polcas e quadrilhas de origem europeia.
Os Blues começaram a experimentar diferentes cadências, diferentes tempos, ritmos, tonalidades, arranjos, instrumentações. Tanto prosseguiam o seu percurso junto com a guitarra desde os DELTA BLUES, utilizando o polegar e o bottleneck (gargalo de garrafa) sobre as cordas, ramificando-se para o TEXAS BLUES de T-Bone Walker, Lightning Hopkins e BBKing, para o COUNTRY BLUES, evidenciando forte influência irlandesa e transformando-se na música dos cow-boys, como também soavam em ritmo sincopado, executado nos primeiros anos por banjos e tubas, nas orquestras de King Oliver, Bix Beiderbeck e na Louis Armstrong HOT FIVE em New Orleans, gerando DIXIELAND. Instrumentos esses que deram lugar à guitarra e ao contrabaixo, aos quais se veio juntar a recém inventada bateria de jazz.

Menphis

MEMPHIS e o blues!

Memphis, é uma cidade abençoada musicalmente falando. Trata-se da Estrada 61, ou melhor Highway 61, que cruza os Estados Unidos de Sul a Norte, desde New Orleans, até Chicago.

Só que, no meio do caminho, na encruzilhada entre o sul profundo, rural, e o Norte moderno, elétrico, existe uma cidade mágica. Memphis!!

Sim, Memphis que já era cantada em um dos primeiros arranjos musicais para o blues, feitos por W.C. Handy, o ´Pai do Blues`, que por volta de 1920 lançou com sua orquestra, na verdade o primeiro blues comercial realmente famoso. O nome dele? Memphis Blues!


Desde então, Memphis virou roteiro e parada obrigatória dos grandes músicos de jazz e blues e ali, viu surgir quarteirões inteiros com as maiores casas de shows e grandes rádios, onde os artistas e músicos iniciavam a solidificação daquela carreira musical que primordialmente se amoldara com os acordes e os suores dos dias duros e árduos vividos no Sul Profundo e rural, no Delta do Rio Mississíppi.

Foi ali, em Memphis que B.B. King iniciou sua brilhante carreira musical, auxiliado pelos Irmãos Bihari e pelo disck-jóckey mais antenado e famoso da não menos afamada Rádio W-Dia o sensacional show-man Rufus Thomas, foi ali, que via seu primo Bukka White tocar e aprendeu muita coisa com ele. Foi ali, nas casas noturnas de Memphis, que o B.B. King, que veio pobre, sem dinheiro das cidades do Sul, encontrou a fama, aprendeu a se vestir com elegância, elegância esta, típica dos membros das Jazz Bands que por ali se apresentavam e encantavam o Rei do Blues!!


Ali, na famosíssima Beale Street, onde as noites e madrugadas sempre foram agitadas, os clubes, cafés, e outras casas, pululam e fazem ecoar até hoje acordes infinitos das Fenders, Gibsons, e Nationals!
Tudo, conservado, conservadíssimo até hoje.

E é impossível encontrar hoje um bluesman, que deixe de render elogios a esta cidade, onde até Elvis Presley aprendeu durante toda sua carreira musical, a cantar com todo aquele sentimento e paixão que só o blues pode proporcionar. Fixou residência ali, com sua famosa Graceland, que recebe milhares de peregrinos até hoje!

Blind Lemon Jefferson





Normalmente citado como o primeiro intérprete de folk blues, Blind Lemon Jefferson foi muito mais que isso: foi a primeira estrela do blues americano. A importância de seus discos para a Paramount – diz-se que foram vendidas mais de 100.000 cópias – converteu Jefferson em uma celebridade muito além do circuito sulista do blues.

Jefferson nasceu em Couchman, Texas, provavelmente em 1897, e provavelmente “Lemon” era seu verdadeiro nome. Talvez durante sua juventude tenha sido parcialmente cego. Foi um autodidata que aprendeu a tocar a guitarra muito cedo, tanto que já adolescente viajou a Dallas para tocar nas esquinas, bares e bordéis do amplo distrito de ócio Deep Ellum, ao lado da Rua Elm, no bairro afro-americano da cidade. Colaborou durante algum tempo com Huddie “Leadbelly” Ledbetter, até este ser preso em 1918.

Em 1925, alguém – provavelmente o pianista Sammy Price – o recomendou aos caça-talentos da Paramount, aonde Jefferson acabou gravando por volta de 100 músicas (contando versões alteradas) e editando 42. Em 1927 também se deixou querer brevemente pela Okeh Records, oferecendo-lhes uma versão da já famosa “(That) Black Snake Moan” e a primeira versão de “Match Box Blues” a qual se empenhou em fazer uma nova versão para a Paramount. Foi tamanha sua popularidade que a Paramount adornou alguns de seus discos, emoldurando sua foto mais famosa e cercando-a de brilhantes limões.

“Lemon era gordo, sujo e libertino, mas sua voz trouxe o mais excitante country blues dos anos vinte.”Samuel Charters

Resumindo, Jefferson agia como a estrela que era. Acostumado a viajar sozinho, comportava-se como um dandy: bem trajado, exigia respeito por onde passava e uma remuneração adequada (uma de suas citações preferidas era “Don’t Play Me Cheap!”). Mesmo que a maioria de suas músicas mais famosas (“Tin Cup Blues”, “’Lectric Chair Blues”, “Match Box Blues”) representavam um homem sofrendo sob condições opressivas, seu perfil musical era o de um sobrevivente nato. Sua entonação era alta e flexível, e sua dicção frágil, porém segura. Suas letras refletiam os desejos, paixões e a luta diária da classe trabalhadora negra com uma crueza quase poética sem precedentes no mundo discográfico.




Como guitarrista foi um perfeito inovador que soube extrair todo o néctar dos 12 compassos, utilizando-a normalmente, ao menos em seus discos. Ao criar vozes distintas através de marcas graves e ao interromper às vezes o fluir do ritmo com giros em uma só corda, sua interpretação se acercava ao contraponto do pianista que sem duvida havia escutado quando jovem nas bodegas do Deep Ellum.

Em dezembro de 1929, Jefferson foi encontrado morto em uma calçada de Chicago, aparentemente depois de perder-se no meio de uma tempestade de neve e sofrer um ataque do coração. O pianista Will Ezell levou o corpo ao Texas, aonde foi enterrado no cemitério de Wotham, próximo ao seu lugar de nascimento.

Pouco tempo depois, o reverendo Emmet Dickinson gravou o que certamente seria o primeiro disco-homenagem da história do blues: um sermão intitulado “The Death of Blind Jefferson”. Que um artista com uma trajetória de apenas meia década receba tal tributo póstumo é algo notável, e que seja editado por um representante da igreja, o sustenta (levando em conta que na época, aos cristãos era recomendado evitar o blues). Porém as palavras de Dickinson souberam comover a todos aqueles que durante anos tinham escutado os discos – e dançado nos espetáculos – de Jefferson: “Blind Lemon Jefferson morreu, e hoje o mundo chora sua perda... Há um vazio em nossos corações que nunca será preenchido.”